Eis que o Brasil tem a sua primeira presidenta eleita!
Algumas considerações...
O que isso representa para a esquerda brasileira:
- Continuamos na luta, como todos os dias. A vitória contra Serra, no meu ponto de vista, foi importante. Ele representa uma parcela da direita mais extrema que existe no Brasil. Bastam ver os apoiadores de ambas as campanhas. Enquanto Dilma tinha apoio de muitos importantes pensadores e artistas brasileiros, como Frei Betto, Leonardo Boff, Chico Buarque, dentre tantos outros, Serra tinha os pastores e padres mais conservadores do Brasil. Então eu me oponho ferozmente a quem diz, inclusive parcelas da esquerda brasileira, que eleger Dilma ou Serra seria a mesma coisa.
- Não tenho ilusões com o governo de Dilma! Sei que ela e todo o PT estão dentro do jogo do Capital. Nas palavras de Virgínia Fontes (Professora de UFF) é a esquerda do Capital.
- Para o povo, as políticas sociais assistencialistas continuam! Por mais que sabemos os resultados a curto e longo prazo dessa prática, de construção do Estado de Bem Estar Social, sabemos que, o povo que passa fome, encontra um melhora parcial de vida.
- Nas relações internacionais, certa tranqüilidade no sentido de não ter medo de voltar a ser um completo capacho dos Estados Unidos e da Europa. Por hora, agente só “escuta com mais atenção o que eles dizem”, mas não deixa de aceitar o “convite de tomar um café” com a presidenta da Argentina (que tem o desafio de governar sem o ex-presidente e marido agora), nem um mate com o Evo Morales.
- “Garantia” (com todas as aspas possíveis) de que o Pré-Sal não será privatizado e que sua riqueza será distribuída aos estados brasileiros e não ficará só com o Sudeste.
Para os movimentos feministas e os movimentos LGBTTT´s em geral:
- Uma esperança de uma possível legalização do aborto? Não saberia responder. Acredito que vai depender muito dos rumos e dos apoios que Dilma for angariando. Por mais que o Governo Lula tinha sinalizado uma abertura para ela questão, no sentido de por em vigor lei sobre o assunto a campanha de Dilma recuou na pauta com o medo de perder a eleição pela força do fundamentalismo religioso no país. Antes da campanha Dilma se mostrava muito mais simpática à pauta do que durante a campanha, se dizendo em documento oficial, particularmente contra o aborto.
- Sobre a lei de criminalização da homofobia: Ficou muito conhecido o pronunciamento de Serra de que vetaria a lei se eleito. Nesse ponto: Ufa! Acredito que a Dilma na questão da população LGBTTT será muito mais flexível, longe de ser a mãe dessa população, não é contra, como vinha mostrando Serra na esperança dos votantes religiosos (sem noção) “irem de 45”.
- Sobre a união civil homoparental: Acredito que há fortes possibilidades de no governo Dilma passar a lei. Seguindo os ventos vanguardistas da Argentina (que nesse ponto dos costumes sempre esteve a frente do Brasil, lembro aqui do direito ao divórcio, aprovado muito antes na Argentina do que no Brasil, e agora com a lei do casamento homoparental, com todos os direitos assegurados: adoção, herança...).
- Dilma, carrega um peso enorme de ser a primeira mulher presidenta do Brasil. Sempre que ela fizer algo errado, não será por ser do PT, ou ser uma pessoa, mas por ser mulher. Digo isso a título de ironia, que temo que vá acontecer, como já aconteceu na campanha, no ataque de Serra, e em outros países da América Latina que tiveram presidentes mulheres. Isso é dizer: Se Dilma fizer um mau governo será um retrocesso para a luta das mulheres em conquistar espaços de poder, espero que ela tenha ciência disso.
- Uma análise: Uma pergunta que me veio à cabeça é: Se o Lula não tivesse em “todas as fotos ao lado de Dilma” o Brasil teria sua primeira presidenta mulher? Parece-me que o Brasil não deixou de ser conservador do ponto de vista do machismo e da homofobia, a pensar na campanha do primeiro e do segundo turno, onde as questões usadas jogaram muito, por mais que, por vezes, de forma indireta, com essas questões. Poderíamos dizer que o “lulismo” fez o Brasil se esquecer da questão de gênero na eleição. Mas isso teria que ser mais aprofundado.
Para não perder o gostinho de ver o Serra perder, vale dizer:
Uma coisa que me chamou muito atenção é que o Serra realmente é muito ruim! Ele tinha o apoio da mídia, da extrema direita, de vários setores de igrejas de forte repercussão, como a Assembléia de Deus e até do Papa Bento XVI... E mesmo assim, perdeu uma eleição. E só para ele se roer de raiva, para uma mulher que já foi guerrilheira e comunista (FOI, não é).
Para finalizar, vale ressaltar que:
- Plínio de Arruda Sampaio do P-SOL, conseguiu fazer uma ótima campanha e levar o socialismo para as telas, conseguiu entrar na mídia e não rebaixou o debate socialista para isso!
E reafirmar que:
- A luta da esquerda continua! Independente de quem estiver no poder, seguimos nas ruas, nas praças, nas universidades, enfim, na sociedade como um todo, levantando a bandeira vermelha e acreditando a cada segundo que outro mundo não é só possível, mas também necessário, e uma certeza temos, esse outro mundo é socialista, democrático participativo e livre de qualquer preconceito ou opressão!
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