29 de mar. de 2011

Eu sempre peco...

Eu sempre peco,

Peco por falar demais, por amar demais, por se entregar de mais,

Tudo o que fiz até agora foi assim, sempre me entrego de corpo, alma e o que mais houver para entregar...

As coisas que realizo, realizo intensamente, com todas as forças dentro de mim.

Se entregar , esse é meu maior defeito, que é ao mesmo tempo a coisa mais bonita que posso ver em mim.

Sempre me entrego, sempre demais, as vezes não sobra nada de mim para mim mesmo.

Pensei que algum dia o pudor fosse me salvar, mas isso não aconteceu,

Tem dias que eu acordo pensando em deixar de te olhar tão profundamente,

Tem dias que penso, hoje sim, vou separar as minhas vitórias dos meus fracassos...

Mas se caso o fizesse não seria mais eu. Porque eu sou mesmo assim, intenso, complexo, agitado e, ao mesmo tempo, congelado. Porque em tudo que eu já vivi, eu vivi intensamente.

Muito já sofri, porque quando nos entregamos totalmente a algo ou alguém ficamos
extremamente vuneráveis.

Vuneráveis ao fracasso, a derrrota, a ser usado, a ser flagelado. E o pior de tudo é que geralmente acontece.

Posso mudar, posso deixar de ver fogos de artifício, mas também, deixar de sofrer.

Mas não sei se uma vida normal, futil e estério me contentaria...

As vezes penso que é melhor não amar mais nada, não lutar mais por nada. Para que a
tranquilidade volte a pairar no meu quintal.

Mas de que me adianta isso?

Quantas vezes já tentei ser assim. Tantas vezes já tentei pensar em mim. Tantas vezes já disse, agora chega, essa é a última vez que algo ou alguém me fez sofrer.

Mas eu sempre volto atrás, eu sempre penso como a Pollyanna e digo a mim mesmo, dessa vez será diferente, dessa vez vale a pena, a conjuntura é outra, essa pessoa é valoroza.

Mas sigo pecando... Pecando por amar demais, por fazer demais, por pensar demais, por sonhar demais... ou seja, por me entregar totalmente, como se fosse a ultima coisa que importasse em meu mundo.

O meu maior medo em todo esse caminho é se um dia desses depois de sofrer muito eu
disser que não vou mais me entregar, que não vou mais lutar e amar; se um desses dias isso realmente acontecer...

Se um dia desses eu tiver me entregue tanto, que já não consiga juntas os pedaços e refazer meu caminho.

Se um dia isso acontece o sonho morre. A flor não brota e a alma adoece.

Cada vez penso que esse dia está mais próximo, que ele está ali na esquina... E que cada vez sobra menos de mim para ser entrege...

Dentro de mim sinto medo, dor e vazio. As vezes os preencho, mas eles escoam e voltam ao nada.

Ao nada do acaso, ao nada da existência.

No nada há medo... um dia desses adoeço...

Quase que só resta o medo...
O medo...
O medo.